terça-feira, 20 de outubro de 2009

Yes Vegan


Inspirado no filme Yes Man (no Brasil: SIM SENHOR)


Carol estava deprimida. Não tinha ânimo para nada. Evitava as pessoas, não queria saber de festas, baladas ou qualquer outro programa. Era de casa para o trabalho, do trabalho para casa. Não atendia ao telefone. Vivia dando desculpas para os amigos. Até mesmo com a aparência, estava descuidada.
Um dia, depois de muito relutar, aceitou acompanhar uma amiga até o Bar Espaço Impróprio, onde aconteceria uma palestra sobre veganismo e degustação de comida vegana.
- Qual vai ser o cardápio? - quis saber Carol.
- Acho que vai ter uns lanches, uns salgados e doces.
- Hum... sei... Já vi que tô fu!
- Isso mesmo. Também vai ter tofu.
Chegaram no local no mesmo instante em que a palestra estava iniciando. Assim que se acomodaram, o orador começou:
- É um prazer estar aqui. Alguns rostos são amigos de longa data. Outros, conheço a pouco tempo. Mas, vejo que há, também, muita gente nova. E isso é bom. Sinal de que o veganismo vem despertando o interesse e atraindo mais pessoas. O intuito dessa conversa, acho que posso chamar assim, é falar sobre a filosofia do veganismo.
E discorreu o orador, por alguns minutos, sobre o veganismo, sua história, sua filosofia e suas vantagens. E concluiu com uma proposta, na verdade um desafio, a todos os presentes.
- Vou fazer uma proposta. Deste momento em diante, vocês prometem que vão experimentar o veganismo, vivenciá-lo com toda intensidade, e dizer "SIM" a toda oportunidade que se apresentar para conhecê-lo, estudá-lo, difundi-lo, enfim, colocá-lo em prática. Se vocês fizerem isso, tenho certeza que suas vidas mudarão radicalmente. Daqui um mês nos encontraremos de novo e desafio qualquer um a vir aqui, na frente, e me desmentir.
Carol não levou fé nas palavras do palestrante, mas pensou que, um mês, não custaria nada experimentar. Após, degustaram a comida vegana e ela gostou.
- Até que a comida vegana não é tão sem graça, como dizem por aí.
Um dos presentes avisou que no dia seguinte haveria uma panfletagem sobre veganismo e depois a galera toda iria até o Vegethus, participar do dia da pizza vegana.
Carol topou e assim deu início a sua jornada vegana.
Passado um mês, ela está de volta ao local onde tudo começou. Foi convidada a relatar suas experiências e impressões das últimas semanas.
- Quando cheguei aqui, confesso que estava um pouco desconfiada do veganismo. Para falar a verdade, estava descrente do mundo, das pessoas, da vida. Afinal, é tanta maldade, tanta injustiça, tanta hipocrisia que acabei me tornando cética em relação a tudo. Eu, simplesmente, deixava rolar. Não queria me dedicar a mais nada. Não queria assumir compromissos. Só queria saber da minha vida, cuidar de mim. Hoje, penso diferente. O "sim" ao veganismo mudou os meus conceitos. Aprendi o quanto é importante nosso papel de consumidor. A grande maioria das pessoas não sabe o poder que tem nas mãos e que esse poder gera responsabilidades. Temos que nos perguntar de onde vêm os produtos que consumimos, como eles são fabricados, quais os seus ingredientes e a quem eles beneficiam. Se o seu processo de fabricação não prejudica o meio ambiente, não utiliza de meios ilegais, não causa mal à sociedade. E não me refiro só aos produtos veganos, mas a todo e qualquer produto. Além disso, o veganismo também me trouxe paz, ao saber que todos os dias salvo vidas de animais indefesos, contribuo para um mundo melhor, cuido melhor do meu corpo e da minha mente. Tornei-me uma pessoa mais consciente e feliz. Nesses últimos dias, protestei em frente da embaixada da China e do McDonald's. Fiz panfletagens, fiquei trancada dentro de jaulas, enviei e-mails para autoridades, órgãos do governo e várias empresas. E não me sinto nem um pouco cansada. Pelo contrário, estou cada vez mais animada e disposta. Finalmente, sinto-me viva.
Todos aplaudiram e Carol não conseguia esconder sua emoção. Logo em seguida, aproveitando o entusiasmo que ela despertou em todos os presentes, um dos organizadores informou que no próximo fim-de-semana aconteceria uma manifestação contra o consumo de carne, na Avenida Paulista, e esperava contar com a presença de todos. A novidade do protesto era que todos deveriam ir quase nus, usando, apenas, folhas de alface.
- Nua? Só com folhas de alface? - hesitou Carol. Bem, se é em prol do veganismo, que seja.
- Não seja boba - disse sua amiga. Vai ser engraçado ver a cara das pessoas nos olhando.
- Tudo bem! Já fazia algum tempo, mesmo, que não me pediam para tirar a roupa.
E o fim-de-semana chegou. A manifestação causava confusão. As buzinas dos automóveis faziam o cortejo musical. Todos queriam ver o bando de pelados.
Carol caminhava junto a sua amiga quando um rapaz, que também estava participando do protesto, aproximou-se e começou a conversar com ela. Ficaram conversando durante quase todo o percurso. Ao final, ele perguntou se ela não gostaria de encontrar com ele mais tarde, para fazerem um programa e se conhecerem melhor. Ela lhe disse que prometera dizer sim a toda oportunidade que o veganismo lhe apresentasse. E aceitou.
- Amiga, me belisca - disse Carol.
- Não é preciso, eu também vi - respondeu sua amiga.
- De onde saiu esse deus grego?- perguntou Carol.
- O que ele estava usando era uma folha de bananeira? - redarguiu sua amiga.
E mais tarde eles se encontraram e novamente o poder do "sim" mudou a vida de Carol.
- Yes... yes... yes... yes vegan...isssmooooo...

Um comentário:

  1. A parte vegan eu ainda não cheguei, mas a parte de viver meio sem próposito eu me identifiquei.

    Quando puder visite
    http://diegogalofero.blogspot.com

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